segunda-feira, agosto 04, 2008

Casamento & BDSM

Um dos temas mais recorrentes nos blogues BDSM é sobre a vida SM e o casamento.

Poucas vezes li algo que se assemelhasse a realidade deste tipo de relacionamento, talvez por que a maioria das pessoas que se prestam a escrever sobre isso não tenham hoje ou não tiveram no passado algum relacionamento próximo a esse, criando assim uma rede de meias verdades, falsos mitos e retumbantes enganos.

Para início de conversa temos que ter em mente que um casal SM nada mais é do que um casal como outro qualquer, mas que tem tesão em um tipo de relação sexual e afetiva específica. Um casamento SM não difere em quase nada de um casamento baunilha. Existem dias bons e ruins, contas a pagar, preocupações com relação a casa, compras, etc...

Uma das perguntas que mais vejo é se um casal SM é SM todos os dias. Bem, respondo por mim: Não! Isso seria impossível. Na relação que tenho com meu marido, que é meu Dono, temos decisões no dia-a-dia a serem tomadas que impedem a postura submissa 24 horas.

Se existem desentendimentos, brigas? Claro, somos pessoas normais e resolvemos nossas diferenças como todo casal faz (ou pelo menos deveria fazer) sentando, conversando e colocando as cartas na mesa. Se vivêssemos a utopia de um relacionamento eternamente 24x7 isso seria impossível, haja vista que uma submissa não poderia discordar, cobrar ou impor nada ao seu Dono e muitas vezes tenho tais atitudes com relação ao meu marido, como toda esposa o faz.

Se existe rotina? Bem, quem usa essa premissa para desmerecer um relacionamento estável, está demonstrando superficialidade e desconhecimento de causa, uma vez que qualquer casal, casado ou não, que esteja junto há muito tempo, tende a estabelecer rotinas, mas nem sempre isso é ruim, cabe ao casal construir um relacionamento em que a rotina não seja desgastante, mas apenas confortável, traga a sensação de aconchego, de conforto, mas não enferruje o sentimento. E isso é fácil, basta boa vontade, desejo e respeito mútuo.

Li em algum lugar que depois de algum tempo o Dominador iria se cansar da submissa. Ora, que empáfia. Se assim o for, todo relacionamento BDSM teria prazo de validade! E o sentimento? E o amor? Onde ficam? Essa teoria só pode ser criada por pessoas que não conseguem manter uma relação duradoura e assim, para justificar sua alternância ou mascarar a carência usam desse subterfúgio. Dominadores e submissas que estão juntos a certo tempo sabem, tanto quanto eu, que isso não é realidade. Quem realmente gosta do seu companheiro (ou companheira) continua gostando e sentindo tesão sem tempo pré definido. E arrisco mais, com o crescer da relação a probabilidade versa no sentido de se fortalecer o sentimento e o desejo.


Resumindo: Casamento BDSM é bom? É ótimo, desde que se entre nele sabendo que o SM tem lugar reservado, mas não exclusivo. O BDSM, na verdade, complementa o meu casamento, o torna mais forte, mais rico, mais prazeroso, mas de forma alguma eu poderia classificar minha relação apenas por isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caríssima justa, pois vejo-me lendo essas palavras e concordando com cada uma, em gênero, número e grau! Creio q o grande problema do meio seja a quantidade de indivíduos que parecem fazer questão de vir postular sobre o que jamais viveram ou impôr os fatos de suas vidas e seus fracassos como inevitáveis a todo tipo de união BDSM.

Pra mim, é inveja.

Muita saudade de ti, viu? *rs* Abraços ao Dono.

Addam

{kajira alessa}_Sr Dárius de Gor disse...

querida justa, nos conhecemos há bastante tempo, na época usava o nick blueshine, e já gostava de vc desde então. Agora estou casada com o Dono de mim e, lendo teu texto vi como é verdadeiro tudo o que vc escreveu. Obrigada por partilhar. Parabéns, está super bem escrito.
Beijos,
kajira alessa