quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Maturidade e BDSM

A maturidade emocional é, no meu entendimento, um dos fatores primordiais para uma relação BDSM atingir seu real potencial.

Usando as palavras da Rainha Frágil: “BDSM é um jogo de gente grande”, tenho, para mim, ser esta uma verdade absoluta e incontestável. Para que uma pessoa possa realmente se lançar nesse universo e alcançar algo mais que um orgasmo fajuto tem que haver maturidade psicológica, sexual e principalmente emocional.

A primeira coisa que sugiro para quem está entrando é que tente entender que BDSM não é um jogo puramente físico, o aspecto psicológico é superlativo. BDSM não é equânime, sendo, na maioria das vezes, intenso e injusto, mas são estes aspectos que o tornam mais vívido, mais envolvente e mais prazeroso.

Creio que uma pessoa sem calos emocionais, sem a vivência sexual necessária, por mais que tenha anos de vida acumulados, pode acabar se perdendo nas linhas e entrelinhas deste meio e com isso se machucar muito. As ilusões e fantasias calcadas nas expectativas baunilhas da vida podem imperar e acabar trazendo para um relacionamento BDSM, que por si é cheio de regras e meandros, emoções tipicamente adolescentes.

Esse conflito acaba por ser danoso aos parceiros, às vezes com conseqüências mais sérias, tais como o abandono do meio e a aversão ao jogo, ocasionadas simplesmente por terem se inserido em uma relação BDSM antes do amadurecimento devido.

Necessário, pelo que entendo, é que para uma pessoa ingressar nesse jogo sexual, deve ter antes acumulado alguns quilômetros de experiência sexual baunilha, ter aprendido a aceitar, ouvir e entender seu corpo, seu tesão e suas vontades. É obrigatório conviver bem consigo mesmo e na relação sexual, ter aprendido a se expor sem vergonha, neura ou medo. E ainda ter em mente que nem sempre o que dá tesão no papel, no vídeo, na web vai dar o mesmo tesão na pele, na carne.

Logicamente que vivência&maturidade não tem sempre ligação com a idade cronológica, existem pessoas de idade já avançada que se mostram emocionalmente atrasadas ou até mesmo deficientes emocionais e outras ainda que mal iniciaram sua juventude já se mostram maduras o bastante para discernir a fantasia do real e identificar os motivos e o momento correto que a levem ao BDSM

Um dos enganos mais comuns, que tenho visto nesses anos de experiência, é a confusão entre o relacionamento BDSM e o baunilha. Quando se entra em um canil, em uma senzala, não se está iniciando um relacionamento de namoro, são coisas distintas, se bem que podem, futuramente, se mesclar, porém, entrar no relacionamento, desde o inicio, vendo o Dono(a) ou submissa(o) como um namorado(a), é caminho certo para desilusões e fracassos.

Considero que isso se deva, principalmente, ao fato de que com a popularização do BDSM, que tem sido referenciado até em novelas, aparecem no meio, centenas de pessoas que, no momento não estão “inteiras” o bastante para entrar, bem como centenas de fakes e de pessoas patologicamente prejudicadas, que vêem no BDSM a última saída para conseguir um parceiro ou mesmo uma forma de punição para suas neuroses e psicoses, sem deixar de lado a questão da baixo estima, que será objeto de um próximo post.